4.8.09

Transeuntes

A curiosidade, alimentada por uma eterna coceirinha no juízo e com seu típico sadismo infantil, espia pela brecha do tempo aquele momento. Um momento qualquer. Analisa, observa um pouco e em seguida chama o inquieto para espiar junto. Este, por sua vez, agoniado por sua vontade irracional e primeira de fazer tudo sem filtros, cede fácil ao chamado da curiosidade e abre um pouquinho mais a porta para espiar. A surpresa, como sempre, grande parceira da curiosidade, aparece de repente, empurra o inquieto para dentro do momento e fecha a porta toda contente, deixando o coitado lá sozinho. A surpresa se desfaz em fumaça de perplexidade, a curiosidade continua a espiar para ver o que acontece e o inquieto demora a perceber que caiu numa armadilha. O momento, por fim, possui uma ótima chance de se divertir. :**


30.5.09

insignificante desejo de um insignificante qualquer (ou... Que Sede da Po##@!!)

quero uma experiência cujo principal ingrediente é o desespero.. e por excesso da falta de algo mais, acaba por entorpecer por inteiro. isso me agrada. quero um dia estar largado no meio de um oceano agitado e escuro. numa madrugada qualquer. nada por perto e nada longe, apenas eu e o mar sem horizonte, agitado, e o céu negro chuvoso, tempestuoso, frio, relampejante, impetuoso, com ondas fortes e tudo mais... quero sentir pelo paladar a água salgada que engulo sem querer, sentir pelo olfato o cheiro do vento rasgante e da chuva que arranha a pele e me fere pelo tato. sentir de fato o frio e as pancadas do mar. quero ouvir o som da água nervosa, da água que cai e que sobe pelos redemoinhos de ar, quero ver tudo isso nos breves momentos de um relâmpago que une as densas nuvens e forma belíssimos segmentos de luz. quero estar em um lugar onde a bússula perde seu norte, se perde do mundo, se rende à morte. um lugar entorpecedor.

..... e depois

fico à deriva, à mercê. sem responsabilidades, sem preocupações, sem poder. apenas aprecio. se é o fim não importa. então vem a calmaria e também vem o dia. e eu boiando no meio do nada, no meio de tanta água, me acabo em sede, tanta sede. que se há de fazer?

20.2.09

Ode ao orgasmo

Durante as carícias que correm curvas e – principalmente – das que curvam dentro, só há um mínimo pensamento por momento ritmado, curto e alto, pulsante de som e suor. Esse fixo contínuo, uno de corpo e mente, que a cada segundo desejado deseja-se também um final permanente, escorre em seu paradoxal prazer contido e termina, por uma fração de tempo, maior que si. Momentos que seguem além fazem virar pelo avesso o corpo nu. Involuntariedades esperadas. Êxtase cru. Diante do indescritível, em teus olhos, é delicioso testemunhar lampejos de pequenas explosões de supernovas.